quinta-feira, março 11, 2010

Dor de alma

Hoje sinto-me triste e angustiada ....
Não sei porquê ...
Não tenho motivos "relevantes" que me levem a este estado de alma!

Por vezes apetece-me fugir, esquecer tudo, esquecer todos .... ser só eu ... e eu comigo apenas!
Apetecia-me vaguear por aí ... sem horas, sem medos, sem receios, sem preocupações .... a vida mas que vida esta!
A única imagem que consigo visualizar é um extenso areal e o mar calmo, sereno e cúmplice, como só ele sabe ser.

É tão estranho ...
Chorar apetece-me e muito (aliás, já estou com "sinais" nos olhos)
Chorar alivia, chorar, chorar .... soluçar de tanto chorar.
E depois de tanta lágrima a escorregar pelo rosto, sentir paz, silêncio, e a calma de ter descarregado toda a dor que me aflige!

Mas que dor é essa?
Não sei ... apenas sei que a sinto.
Uma dor controlada, que não precisa de qualquer anestésico ... basta uma pequena mezinha caseira (chorar, que caseiro que é ....) e passa, não na totalidade, mas fica adormecida até à próxima!

E quando dou por mim, penso que egoísta és, que queres, o que te falta?
Não sei bem ... mas falta-me algo, algo que me afaste de angústias, de tristeza, de medos ... que me preencha, que dê sentido, que faça sentido estar aqui, agora e amanhã.
Algo que não transforme o meu humor numa curva tão incerta, com altos, com baixos. Que me mantenha numa linha recta ... não precisa de ser muito recta, mas que se perceba o quão recta é!
Que haja um rumo que consiga traçar, um rumo que sei que quero seguir ... mas não sei qual?!!!
Que confusão .... tenho a cabeça num turbilhão, talvez que nem um pequeno tufão.
Está tudo baralhado. Tão baralhado. Mas tão baralhado.
Que não sei se vou conseguir dar.

Hoje sinto-me triste e angustiada ....

terça-feira, março 09, 2010

Maria Lisboa

A minha Mãe gostava de Amália. Particularmente deste fado. Um belo poema de David Mourão Ferreira. Que permitia, à minha mãe, sonhar Lisboa. Que permitia à minha mãe voltar a Lisboa. Ela, uma imigrante em Aveiro. Voltava sempre a Lisboa. De mão dada com o meu Pai. Outro imigrante em Aveiro. Voltavam a Lisboa. Sempre!
Estou a vê-los cantarem este fado. Primeiro Ela. Com a voz que a todos acalmava. Com o azul dos olhos a brilharem. De saudade. Depois ele, o meu Pai. Canastrão, desafinado, mas sempre com Lisboa na voz. Primeiro nome, Maria, de apelido Lisboa.
Fazem falta. Fecho os olhos e ouço. De novo.



Maria Lisboa


É varina, usa chinela,

tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.
Em vez de corvos no xaile,

gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.
É de conchas o vestido,

tem algas na cabeleira,
e nas veias o latido
do motor duma traineira.
Vende sonho e maresia,

tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
seu apelido: Lisboa.

As rosas / promessa………


Poema/fado de Katia Guerreiro. No Dia Internacional da Mulher, a Bolinhas merece que eu faça com que este poema também seja dela.

Quando à noite desfolho e trinco as rosas

É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes
Todo o fulgor das tardes luminosas
O vento bailador das Primaveras

A doçura amarga dos poentes
E a exaltação de todas as esperas
Quando à noite desfolho e trinco as rosas

És tu a primavera que eu esperava
A vida multiplicada e brilhante
Em que é pleno e perfeito cada instante
Quando à noite desfolho e trinco as rosas

És tu a primavera que eu esperava