terça-feira, junho 29, 2010

ÓMIGO

… Expluda lá como o Ketchup. Mas expluda! Deixe de ter o umbigo maior que o mundo e jogue para a equipa. Atrás de si tem mais dez jogadores. E um povo inteiro que está com ideias suicidas: expluda!
Deixe de ser mercenário da bola, de pensar com os bolsos e expluda. Que se lixe o Ketchup!
Ómigo, deixe de ser medricas, deixe a equipa jogar o que sabe. Deixe o outro explodir e não o ponha sozinho no deserto. Não jogue com seis defesas. Não jogue para o empate. Ponha o quadrado em acção. Agarre na pá da padeira e corra-os à espadeirada. Não tenha medo dos Filipes: há sempre uma janela. Esta é a oportunidade de aplicar o seu portunhol. Sem medos!

quinta-feira, maio 27, 2010

Pirata

Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.

Sophia de Mello Breyner

quinta-feira, abril 08, 2010

O DEDO PARTIDO

A anedota diz que o homem foi ao médico. Com um ar muito preocupado disse que devia estar muito mal. Onde ele carregasse com o dedo, doía! De dedo espetado exemplifica”Aqui dói. Aqui também. E aqui. AIIIIIIIIIIIIIIIIII ! QUE DOR LANCIANTE AQUI, NESTA ZONA”
O médico observou-o com atenção. No fim o diagnóstico: “ Pois é. Você tem o dedo partido!”……
…… De certeza que anda por aí muita gente com o dedo partido.

quarta-feira, abril 07, 2010

Paciência

estou sem paciência.
estou mesmo sem paciência.

e não sei porquê.
estou irritada também. e sei proquê. estou com a TPM, que com a idade vai-se tornando pior e começa a sair do meu controlo. nestes dias costumo ficar calada, falar o menos possível e tentar não ouvir muito os outros.

Continuo sem paciência, e já estava antes da TPM.
É uma fase.

Como diria o meu amigo frescuras: às vezes não passamos por fases, mas por fezes.
é isso. deve ser. estou a passar por uma feze.

quinta-feira, março 11, 2010

Dor de alma

Hoje sinto-me triste e angustiada ....
Não sei porquê ...
Não tenho motivos "relevantes" que me levem a este estado de alma!

Por vezes apetece-me fugir, esquecer tudo, esquecer todos .... ser só eu ... e eu comigo apenas!
Apetecia-me vaguear por aí ... sem horas, sem medos, sem receios, sem preocupações .... a vida mas que vida esta!
A única imagem que consigo visualizar é um extenso areal e o mar calmo, sereno e cúmplice, como só ele sabe ser.

É tão estranho ...
Chorar apetece-me e muito (aliás, já estou com "sinais" nos olhos)
Chorar alivia, chorar, chorar .... soluçar de tanto chorar.
E depois de tanta lágrima a escorregar pelo rosto, sentir paz, silêncio, e a calma de ter descarregado toda a dor que me aflige!

Mas que dor é essa?
Não sei ... apenas sei que a sinto.
Uma dor controlada, que não precisa de qualquer anestésico ... basta uma pequena mezinha caseira (chorar, que caseiro que é ....) e passa, não na totalidade, mas fica adormecida até à próxima!

E quando dou por mim, penso que egoísta és, que queres, o que te falta?
Não sei bem ... mas falta-me algo, algo que me afaste de angústias, de tristeza, de medos ... que me preencha, que dê sentido, que faça sentido estar aqui, agora e amanhã.
Algo que não transforme o meu humor numa curva tão incerta, com altos, com baixos. Que me mantenha numa linha recta ... não precisa de ser muito recta, mas que se perceba o quão recta é!
Que haja um rumo que consiga traçar, um rumo que sei que quero seguir ... mas não sei qual?!!!
Que confusão .... tenho a cabeça num turbilhão, talvez que nem um pequeno tufão.
Está tudo baralhado. Tão baralhado. Mas tão baralhado.
Que não sei se vou conseguir dar.

Hoje sinto-me triste e angustiada ....

terça-feira, março 09, 2010

Maria Lisboa

A minha Mãe gostava de Amália. Particularmente deste fado. Um belo poema de David Mourão Ferreira. Que permitia, à minha mãe, sonhar Lisboa. Que permitia à minha mãe voltar a Lisboa. Ela, uma imigrante em Aveiro. Voltava sempre a Lisboa. De mão dada com o meu Pai. Outro imigrante em Aveiro. Voltavam a Lisboa. Sempre!
Estou a vê-los cantarem este fado. Primeiro Ela. Com a voz que a todos acalmava. Com o azul dos olhos a brilharem. De saudade. Depois ele, o meu Pai. Canastrão, desafinado, mas sempre com Lisboa na voz. Primeiro nome, Maria, de apelido Lisboa.
Fazem falta. Fecho os olhos e ouço. De novo.



Maria Lisboa


É varina, usa chinela,

tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.
Em vez de corvos no xaile,

gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.
É de conchas o vestido,

tem algas na cabeleira,
e nas veias o latido
do motor duma traineira.
Vende sonho e maresia,

tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
seu apelido: Lisboa.

As rosas / promessa………


Poema/fado de Katia Guerreiro. No Dia Internacional da Mulher, a Bolinhas merece que eu faça com que este poema também seja dela.

Quando à noite desfolho e trinco as rosas

É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes
Todo o fulgor das tardes luminosas
O vento bailador das Primaveras

A doçura amarga dos poentes
E a exaltação de todas as esperas
Quando à noite desfolho e trinco as rosas

És tu a primavera que eu esperava
A vida multiplicada e brilhante
Em que é pleno e perfeito cada instante
Quando à noite desfolho e trinco as rosas

És tu a primavera que eu esperava

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

SOBREVIVENTES

O episódio da série “Anatomia de Grey” de ontem foi sobre Sobrevivência. Das relações humanas, do amor, da Vida, da Morte.
Recordei a historio de um amigo. Que, de forma resumida, conto Às Manas Catatuas.
Há cerca de vinte anos deu entrada na Urgência de um Hospital. O comentário que ouviu foi: “ Este já não se safa!”. Antes de entrar em coma, e olhando para um cirurgião, o meu amigo pensou “ Desta já me safei!”. E safou!!!
Anos depois, conheceu uma mulher que lhe lançou um bom olhado. Ele disse que sim: fez um corte radical com o rumo que a Vida lhe tinha traçado, fez um novo caminho, caminhando arduamente a dois , e hoje pode dizer que são felizes. A Leonor é uma nova companheira de há três anos. Que também já faz caminho, de olhos bem levantados!” Com ela o caminho parece mais suave!”, diz o meu amigo.
O sonho comanda a vida, diria o poeta. Mas não foi assim. Muito Amor, muito carinho, muito reconhecimento, muito esquecimento, o Futuro já é passado, o Presente é ali!
Mas também muito suor, muita luta pela sobrevivência. O meu amigo não sabe esperar. Faz acontecer, diz ele.
É esta a história, de forma resumida, do meu amigo. Que ainda luta pela sobrevivência, sobrevivendo.
Desculpem o tempo que vos tomei.

OS BUFOS

O sistema está a instalar-se. Recordam-se do professor que , no gabinete de um colega fez um comentário menos abonatório para o Primeiro - Ministro . O colega foi a correr fazer queixinhas e o professor foi castigado. Depois foi um magistrado que, num almoço com mais dois amigos magistrados, comentou, e opinou, sobre um processo onde aparecia o nome do Primeiro – Ministro. Os amigos (?) foram a correr fazer queixinhas que estavam a ser pressionados. Recentemente o Primeiro – Ministro, mais dois membros do Governo, um executivo de televisão e uma ilustre vedeta, comentaram, num almoço, o posicionamento de um determinado jornalista. Alguém escutou a conversa, e fez com que chegasse ao conhecimento do jornalista em causa. Que, sem mais contraditório, a transcreveu para um artigo de opinião.
A tudo isto, no tempo da ditadura salazarenta, chamava – se bufaria.
Agora chama – se comportamento desrespeitoso, pressão sobre magistrados, jornalismo de investigação e denúncia de acto censório.

Habituem-se!

quinta-feira, janeiro 28, 2010

O HOLOCAUSTO EXISTIU!

Ontem encontrei uma amiga judia com quem trabalhei recentemente.
Como passavam 65 anos da libertação, pelo Exército Vermelho, dos prisioneiros de Auschwitz – Birkenau, falei-lhe da minha indignação por uma corrente de (extrema) direita querer fazer passar a ideia que o Holocausto não existiu.
Notei que ela se emocionou. Disse-me que familiares dela passaram por Auschwitz, que tinham assistido ao extermínio de centenas de milhar de judeus, ao trabalho escravo, á morte por inalação de gás, às experiências de Joseph Mengele, “o anjo da morte”, que a morte andava à solta pelo Campo de extermino. “ Que Viva La Muerte!” era palavra de ordem.
Vergonha!
“ No braço tatuado com a tinta nazi, Eva ( que tem hoje 75 anos e vive no estado norte-americano do Indiana)tem uma pulseira com a inscrição “Never give up. Forgive.”.” Perdoei os nazis em 1995 e isso foi como uma segunda libertação”, explicou.” Cito o Público de hoje.
Que dignidade!