GENTE FELIZ SEM LÁGRIMAS
A vista a Moçambique decorreu sem surpresas. Assinou-se o que se pretendia assinar, visitou-se o que estava programado, estabeleceram-se relações e a cooperação saiu reforçada como era previsível.
Fica agora um imenso futuro para comprovar o que se fez na prática. Parece-me ser o que os moçambicanos mais querem: pragmatismo, realizações no concreto, coisas visíveis. Não mais protocolos de coisas ocos, vazias, genéricas!
É a convicção que trago comigo. Uma das… Outra é a evidência que é um país com imensas assimetrias, sem se perceber como fazer para as combater. Mais uma, pessoal: um povo pobre, mas feliz. Feliz por ser um país independente, dono do seu destino, capaz de mover montanhas para realizar o futuro.. Um povo cheio de vontade de dar e receber. Ou melhor uma federação de povos, unidos na capacidade identitária de querer construir a realidade. De a transformar. Com ajudas concretas se possível. Sem turismo politico, de cooperação, de saudade ou outro.. Isso há para lá muito. Demasiado na minha opinião.
Fiquei com uma vontade imensa de lá voltar. Se não tivesse compromissos, voltava. De preferência para arregaçar as mangas e escrever sobre os olhos dos miúdos que não pedem esmola, mas lembrança para comprar caderno para a escola. Sobre a dignidade dos miúdos que não esquecem a holandesa que os ensinou a ler, a escrever, que lhes dava cadernos e outro material escolar. Sobre as “catorzinhas” e a troca do corpo para um conforto. Do combate desigual contra a SIDA, a cólera, o paludismo, a fome, a xenofobia…
Hei-de voltar um dia, e contar ao Mundo que os portugueses continuam a descobrir, e a dar a conhecer, outros mundos ao mundo. Agora independentes, sedentos de conhecimento, desenvolvimento.
Indignar-me quando alguém quiser pôr a imigração, a fome, a pobreza, do lado da segurança. DESENVOLVIMENTO!!!
Nessa altura farei questão de ter a ilha de Moçambique à distância de um olhar. Sempre!. E de levar livros de Mia Couto, o inventor da língua moçambicana. O encantador de serpentes, domador de leões, que nos deixa imaginar África.
Levarei os meus sogros que ficaram com os olhos de duas crianças quando viram as fotografias. Ansiosos por identificar pontos de referência. Sem saudades “daquele” tempo. A família Mokemka é de lá: do sonho, dos grandes espaços, da planície sem fim, do calor húmido quesecolaàpele, da coragem de começar do zero sem pedinchar, com dignidade!
Sim meu sogro, encontrei o leão. Que me falou da vontade em estar consigo. E da certeza que tem que o senhor também gostaria de estar com ele.
Coisas do mais velho!
4 comentários:
Depois do Sahara, Africa não me encanta, acredito que seja muito bonito, mas não consigo encontrar beleza humana, o que retira pontos à natural...
Está no fundo das prioridades.
E tu foste ao Equador e não me disseste nada?
Belo texto!
Avaliação - Nota 20
:)
O leão...
O leão...
Vieram-me as lágrimas aos olhos e fiquei com o nó na garganta!Bravo!
Enviar um comentário