Jornada de um Peregrino

Cheguei ontem à noite, os meus pés tem bolhas de tamanho surreais, estão muito inchados e os meus joelhos quase não esticam, tudo isto porque fomos estúpidos (há quem diga que não tinhamos tempo =P), fizemos 110 km em 3 dias, o rápido normal são 5 dias.

Azar dos azares, foi não termos lido com óculos a nossa credencial de peregrino que a "Compostela" (diploma pessoal entrega aos peregrinos com mais de 100 km nas pernas) era só entregue a quem fizesse os últimos 100 km, e nós burros fomos os últimos 12 de autocarro, e iria ter problemas de consciência se mentisse.

O caminho não era tão fácil como pensávamos, os trilhos romanos datados do séc XI, estavam sem manutenção, tinha pedras, lodo, bodes, esquilos, coelhos, fontes com salmonelas, muita chuva, marcos e setas amarelas por todo o lado. Grande parte foi caminho de montanha, onde tivemos que subir muito mas o pior era descer. Ficamos gratuitamente nos albergues para os peregrinos, que realmente eram muito bons, até aquecimentos central tinham.

O mais engraçado foram os outros peregrinos que conhecemos, um padre alemão que veio sozinho do porto, uma francesa de 40 anos que começou em Nantes e tinha 3 meses de férias para chegar até ao Algarve, 8 padres italianos, um português com 26 anos, muito dado à natureza, um casal de alemães, 4 ingleses muito moralistas que não compreendia que se podia ir como aventura e não espiritual, o pai e filho de 6 anos galegos, os dois portugueses "buchas". Claro que todos as pessoas que conhecemos não ficam atrás.

Visto e revisto, não será uma bolha de 8cm de comprimento, 3 de altura, e 2 de espessura que me vai demover de uma próxima caminhada, melhor organizada, com mais tempo e se possível com mais gente. Quando alguém quiser ir é só me avisar.