A vida
Quando me pus à vida, levei comigo os manuais todos, levei o manual do civismo, da educação, do safa-te se puderes, e mais alguns. Levei também um kit de sobrevivência e também um livro de memórias escrito por outros, para que em qualquer situação mais complicada, poder consultar o registo dos outros e comparar respostas para tais situações (iguais ou idênticas). Mas hoje, depois de alguns anos, reparo que me esqueci (eu esqueci, ou não me deram ou não faz parte do enxoval), do manual de mãe. E há coisas para as quais a vida não nos prepara, há coisas que nós não sabemos que vão acontecer, tudo porque quando se é mãe de uma criança (duas, três ou quatro), ou melhor, quando se decide ser mãe, nunca sabemos o que vêm no pacote, sabemos sempre que podem ser moldados, mas o feitio, o feitio é lixado, o feitio não se molda, é genético. Não sendo só isso (o feitio, o pacote ...), existem os factores externos, existem outros paizinhos, outras criancinhas, outros ambientes, que não o nosso lar, e quanto isso nada a fazer, pois a vida (como digo é fodida) obriga-nos a trabalhar (se queremos comer e ter telhado), e as crianças vão para escolinha (nome tão querido, acabado em inho), fugindo assim ao nosso control super-hiper-gavião, fugindo ao nosso lar. Tudo isto para dizer que ser mãe é lixado (para não dizer fodido), ser mãe (e pai também, claro) é termos nas nossas mãos um ser humano, termos a nosso cargo, sobre as nossas costas, a pesar na cabeça a responsabilidade de fazer deles adultos fortes, com carácter, educados, gentis, ou seja seres humanos em condições. E agora, pela primeira vez (não é a primeira, nem a segunda) deparo-me com uma situação em que ponho as mãos à cabeça, e penso, se vou já falar com a educadora, se telefono à pediatra, se vou à escola bater nos putos, se bato nas mães do outros putos, se bato nos pais, telefono à minha mãe (mais conhecida como mamã) a pedir colinho ... ALTO ... nesta situação não há colinho que me safe, e percebo que cada vez menos sou menina da mamã, cada vez menos vou poder consolar-me com colinhos, pois sou uma adulta responsável por duas crianças, que irão ser adultos fortes, com carácter, educados, gentis, ou seja, seres humanos em condições. E ala que se faz tarde, e não há livrinho de Brazelton que me safe, pois a teoria é muito bonita, mas as crianças não são todas iguais. E, epá, isto é muito difícil (a vida)! E já agora, aproveito para mandar uns beijinhos, à minha mãe, ao meu pai, aos meus irmãos, ao meu marido e em especial aos meus filhos. Chuac!
1 comentário:
Pois é,pois é,pois é....mas cada vez me convenço mais que a educação tem pouca importância, o que somos constuimos com fontes variadas, com o caráter com as companhias com o que vamos lendo, ouvindo e por mais valores que tentemos incutir nos nossos filhos eles serão um dia o que querem ser e não o que nós queremos que eles sejam e ..... só espero que os meus sejam os "melhores do mundo" e sobretudo felizes!!!!
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